quarta-feira, 17 de março de 2010

Como Crianças Diante de Deus

Meus amigos, uma das qualidades do nosso ser, que perdemos no processo de crescimento e amadurecimento decorrente da dinâmica da vida é a capacidade de se surpreender com o “novo”, uma criança traz consigo esta marca, ou seja, ela está sempre aberta às novas descobertas, e disposta a se maravilhar com o mundo que lhe é apresentado. No decorrer da nossa vida, marcada pelo tempo, pelas frustrações, pela estagnação e pela idéia de que já se sabe muito, vamos aos poucos neutralizando esta capacidade. Se tratando do âmbito teológico, isto é mais grave, uma vez que nosso Deus é aquele que têm sempre algo novo para nós. É Ele quem faz novas todas as coisas e nos ensina a viver em novidade de vida.

É comum encontrarmos pessoas que acham que já conhecem e que já sabem tudo acerca de Deus, e isso é triste, sendo que quando aceitamos a Cristo, estamos apenas no inicio da caminhada, é a partir deste momento que vamos começar a conhecer a Verdade, é o “principio da instauração da mente de Cristo em nós”. Portanto temos que perceber que aceitar a Jesus, como Senhor e Salvador de nossas vidas, implica primeiramente que agora sim começa a nossa vida. Voltamos a ser criança e a descobrir a nossa verdadeira realidade e condição, sendo que a nossa vida está escondida com cristo em Deus (Cl. 3,2) e outrora foi encoberta pelo pecado.

Portanto,estamos aqui para tentarmos recuperar o que perdemos a todo instante, ou seja, a capacidade de se encantar com Deus, e como conseqüência, se encantar com a vida também. Descobrindo que o mais importante não é falar de Deus e sim falar com Deus, nos tornando amigos de Cristo, e nos fortalecendo frente às lutas da vida. Estamos aqui para um trato de amizade com Aquele que sabemos que nos ama. Não é uma troca de palavras, mas sim uma troca de interioridades.

O encontro com Deus é uma convergência intersubjetiva de duas interioridades consumadas no interior do coração, na fé e no amor. A história torna-se, assim, o lugar onde podemos constatar a ação de Deus em favor da humanidade. Ele vem ter conosco, servindo-Se daquilo que nos é mais familiar e mais fácil de verificar, ou seja, o nosso eu, inserido no contexto quotidiano, fora do qual não conseguiríamos entendê-lo.

Duas presenças, previamente conhecidas, se fazem mutuamente presentes em união e estabelecem uma relação de dar e de receber, de amar e sentir-se amado. E é desta maneira que podemos recuperar o encanto de Deus, experimentando-o em nosso profundo ser, além das palavras e dos anseios humanos.

Enfim, recitar que Deus existe, que Deus é pai, que Ele nos ama, isto sabemos desde crianças, mas sentir intimamente a presença envolvente, amante e infinitamente consoladora de Deus, que nos irradia e nos tira de nossos mundos interiores é o nosso alvo. Só assim poderemos repetir as palavras dos apóstolos Pedro e João frente ao Sinédrio: “não podemos deixar de falar daquilo que vimos e ouvimos”(Atos 4:20).

Israel Boniek Gonçalves

boniekmg@yahoo.com.br

Graduado em Filosofia-UFSC

Mestre em Teologia-EST

Professor da FAEST

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